Um grupo sanguíneo completamente novo foi identificado em uma mulher francesa com origem na ilha de Guadalupe, tornando-se um marco inédito na medicina transfusional. O grupo, batizado de “Gwada negativo”, foi reconhecido oficialmente pela Sociedade Internacional de Transfusão Sanguínea (ISBT) em junho de 2025 e representa uma raridade extrema na genética humana: até o momento, apenas uma pessoa no mundo é portadora conhecida.
Sequenciamento genético avançado
A descoberta começou a tomar forma em 2011, quando exames pré-operatórios de rotina revelaram a presença de um anticorpo incomum e desconhecido no sangue da paciente, então com 54 anos. À época, os recursos tecnológicos disponíveis não permitiram desvendar o mistério. Mas a partir de 2019, graças à aplicação de técnicas de sequenciamento de DNA de altíssima velocidade, pesquisadores do Instituto Francês do Sangue (EFS) conseguiram identificar uma mutação genética singular responsável pelo novo fenótipo sanguíneo.

O nome “Gwada negativo” foi escolhido em homenagem às raízes guadalupenses da paciente e, segundo os especialistas, tem sonoridade acessível internacionalmente. A nomeação foi bem recebida na comunidade científica, especialmente por representar um novo marco na diversidade sanguínea humana.
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A singularidade desse grupo sanguíneo é tamanha que, segundo Thierry Peyrard, farmacêutico e biólogo do EFS, a mulher é hoje “a única pessoa no mundo compatível consigo mesma”. Enquanto outros grupos sanguíneos raros ainda contam com pequenos grupos de doadores compatíveis — frequentemente irmãos ou parentes próximos — no caso do Gwada negativo, não há registros de outros indivíduos com o mesmo perfil sanguíneo completo.
O padrão genético que determina o Gwada negativo é recessivo, ou seja, a pessoa precisa herdar dois alelos mutados, um de cada pai, para manifestar o grupo sanguíneo. Os irmãos da paciente, por exemplo, são apenas portadores do gene, sem apresentar a expressão completa do grupo.
Busca por outros possíveis portadores
Com essa descoberta, os cientistas do EFS agora trabalham para desenvolver um protocolo de busca ativa por possíveis portadores do grupo, especialmente na região de Guadalupe, onde há maior probabilidade de encontrar indivíduos com o mesmo perfil genético.
A identificação de doadores compatíveis é essencial, já que, em uma situação de emergência, a paciente só poderia receber sangue de alguém com o mesmo tipo, atualmente inexistente.
Avanço no entendimento da diversidade genética
A relevância científica desse achado vai além da transfusão: a identificação de novos grupos sanguíneos permite avanços no entendimento da diversidade genética humana e maior segurança em procedimentos médicos. Além disso, ressalta a importância do investimento em tecnologias de ponta, como o sequenciamento genético, para desvendar mistérios ainda não explicados pela medicina convencional.
Embora casos como o da paciente guadalupense sejam raríssimos, a descoberta do Gwada negativo levanta a possibilidade de que existam outros grupos sanguíneos ainda não reconhecidos, esperando apenas o avanço tecnológico e o olhar atento da ciência para virem à tona.
Se confirmado em outros indivíduos, o Gwada negativo poderá entrar para a lista oficial dos grupos sanguíneos raros monitorados em bancos de sangue internacionais. Até lá, a paciente segue sendo um caso único.
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